Informações sobre o Encontro CSA Brasil e II Encontro Pedagogia e Agricultura

II ENCONTRO DE PEDAGOGIA E AGRICULTURA
Por Carlos Lira

Do dia 27 de fevereiro ao dia 01 de março de 2015, foi realizado com 130 participantes pelo CSA Brasil em parceria com a Escola Waldorf Aitiara em Botucatu, o II Encontro de Pedagogia e Agricultura, com o tema: “O quê precisam nossas crianças e jovens com urgência para a vida no séc. XXI?

O encontro foi norteado pela abordagem da “Pedagogia do fazer” (que tem seu embasamento na Pedagogia Waldorf), trazida por meio de atividades de campo, e palestras sobre antropologia e pedagogia proferidas pelo Professor Peter Guttenhöfer. Também tivemos palestras sobre os temas: “Salutogênese” com Michel Blaich, e “Formação de Comunidades” com Ute Craemer.

No dia 27 de fevereiro, toda a escola foi ao campo com as 400 alunos, pais e professores! Foram diversas atividades, desde colheitas de cenouras e beterrabas, atividades de padaria, até o plantio de alfaces e outras culturas em hortas locais. O intuito foi conectar a atividade pedagógica a uma atividade prática, real e com sentido, por meio da agricultura.

E o que acontece dentro de uma atividade como esta? Nós não ensinamos mais os alunos a contar, nós contamos com os alunos: uma cenoura, duas cenouras…! Nós não ensinamos mais os alunos a calcular, nós calculamos com os alunos!: Quantas sementes é preciso plantar para cobrir determinada área, levando em consideração que certa porcentagem não germinará? E plantá-las, e ver se isto é verdade! Tambem aprendemos, principalmente que nós professores podemos aprender como realmente se colhe uma cenoura. Assim podemos verdadeiramente ajudar o agricultor.

“A escola atual é um ambiente incompleto em relação ao que as criança precisam, sem animais, sem plantas. Tudo limpo, o mais limpo possível. Um ambiente como este, não é adequado para o desenvolvimento da criança, para o desenvolvimento integral das forças da criança. Para isto precisamos ter presentes no ambiente, no entorno, todos os reinos da natureza: animal, vegetal e mineral. “O homem tem o direito de desenvolver todas as suas capacidades” (direitos humanos).

Fala-se hoje de diferentes tipos de inteligência. Existe uma inteligência cognitiva, mas existe também uma inteligência musical, uma emocional e uma inteligência social. Já se fala disto há 40 anos. Uma pessoa pode ser muito esperta, e ao mesmo tempo muito boba. Existe também uma inteligência artística, e muitas outras. Mas a escola atual ( a instituição “escola”) só desenvolve um tipo de inteligência, a cognitiva. Todas as outras inteligências são tratadas de forma secundária, e o entorno da escola oferece pouca possibilidade ao desenvolvimento das outras inteligências. Damos então “notas”, e isto significa que alguns são melhores ou piores que os outros. E assim nós não desenvolvemos a inteligência social da criança, mas sim a anti-social.” (Peter Guttenhöfer)

Segundo este professor, o fato de termos em uma só sala 30 crianças da mesma idade, é uma situação muito artificial. Onde mais encontramos uma situação assim, se não na escola? Seria frutífero se as crianças mais jovens pudessem trabalhar conjuntamente com as mais velhas. E na agricultura por exemplo, existem muitas possibilidades para este trabalho conjunto entre menores e maiores. Para isso as atividades no campo deveriam estar preparadas à partir de um ponto de vista pedagógico pelos adultos. Aqui nao se trata só de se olhar as atividades de um ponto de vista prático e econômico. Os mais jovens poderiam aprender com os mais velhos, mas também os mais velhos poderiam mostrar algo para os mais jovens e ao mesmos tempo através deles aprender por exemplo: paciência, atenção, consideração e outras virtudes humanas. O professor e o agricultor trabalhariam no campo junto com os alunos. Não se trata mais de simplesmente dizer o que os alunos tem que fazer, eles tem que trabalhar junto com as crianças. Seria também interessante organizar o dia de forma que os alunos possam realizar atividades artísticas.

Nos fizemos também uma tentativa de lançar um novo olhar sobre o conceito “social” ampliando esta visão até os reinos da natureza. Pois por causa do abandono de décadas da Terra e da Natureza, nos encontramos com as dificuldades ecológicas e socais atuais. Nos séculos passados estivemos envolvidos com conflitos como: pobreza – riqueza; proprietário – sem terra; estudados – sem estudos; livres – não livres; ect. e com isso nos esquecemos das antigas sabedorias que a terra falava para nos. Nos não escutamos mais, e por isso nos ferimos a terra. Fazem uns 60 anos que nós começamos a ouvi-la: os reinos da natureza falam cada vez mais claro suas aflições para nos. E assim nos compreendemos lentamente que o nosso desenvolvimento enquanto seres humanos terrenos não pode ser separado do desenvolvimento de todos os outros seres sobre esta terra. Que é chegado o tempo de esticarmos nossas mãos para os outros: seres humanos, animais, plantas e toda a natureza. O conceito ampliado de social não esta mais focado só na relação entre os seres humanos, mais abarca todos os reinos da terra.

E desta forma poderemos falar sobre uma verdadeira educação e desenvolvimento. Nos queremos aprender a desenvolver uma pedagogia que não tire da criança a verdadeira compleitude da terra. E assim nós nos tornaremos conscientes que o nosso meio ambiente e nosso entorno, são o mundo inteiro.
Mais detalhes, veja no link a seguir com material, fotos e registros para acesso de todos
https://www.dropbox.com/sh/kc4foncq9pzy6d2/AADI1FXDZSpS7ZteJ_EpzLx6a?dl=0

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